terça-feira, 31 de agosto de 2010

silêncio ensurdecedor



ela sussurra, tenta falar e não consegue. continua a sussurrar, quer gritar, mas a voz desapareceu. agarra a garganta num movimento descontrolado, a voz tem de voltar. - tenho que sair daqui - pensa ela - tenho de sair daqui! começa a debater-se no silêncio, na escuridão que a envolve. o silêncio fere-lhe os ouvidos, penetra-lhe na mente. - preciso de sair daqui, preciso de sair daqui. de repente ouve algo. há algo que se mexe nas sombras. agora não quer falar, agora não pode falar. há algo que se aproxima. neste momento, ela pode ouvir o som do seu próprio coração, o seu sangue correr nas veias apressadamente, mais rápido que nunca. algo lhe toca no pé. de repente a sua voz volta, o grito rompe o silêncio e ela grita, grita como nunca. grita como se fosse disso que a sua vida dependesse. calma, não te vou magoar - uma voz assusta-a a ponto de a deixar petrificada. agora já não tens nada a perder - pensa ela - já perdeste tudo! deixa a realidade, refugia-se num mundo só dela. um mundo em que nada é assim, ninguém faz sofrer os outros ao ponto de deixar marcas insaráveis. um mundo em que o arco-íris não acaba, e a dor não existe. um mundo onde a felicidade é eterna e nada a pode cessar. passado algum tempo, acorda desse sonho. minutos, horas, dias depois? já não sabe há quanto tempo se encontra ali, mas não se consegue mexer, não se consegue fazer ouvir. fecha os olhos novamente com a esperança de aparecer alguém. ela não pode fazer nada. nunca mais nada vai ser igual. roubaram-lhe a vida.

2 comentários:

  1. ADORO a maneira como escreves ! Escreves com bué sentimento e de uma maneira bué profunda :)

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